Thursday, June 30, 2005

Aumento do IVA causa dores rectais

Dado o inusitado teor intelectual e socialmente activo deste blog, é indispensável um comentário ao orçamento de estado e respectiva compensação ou regulação do desconchavo défice de 6 e picos pontos percentuais.

Aliás, toda a nação (e inclusive o próprio governo) anseiam pelo parecer inusitado da minha pessoa sobre este assunto, como uma luz que possa salvar esta fossa económica ou um retornado El-rei D.Sebastião com um MBA.

Assim, meus caros, após demorada ponderação, descobri o maior equívoco nas medidas retificativas : a subida do IVA.
Trata-se de um lapso lamentável por parte dos srs ministros, mas de dificil reconhecimento no entanto. Provavelmente não tiveram o mesmo raciocínio calculista ou a mesma perspicácia intelectual com que contei, ou então não fumaram as mesmas coisas que eu.

A esta altura já o presado leitor se enche de um sentimento de comunhão enquanto apregoa para si próprio :
- Ah eu sabia pois claro!!! O IVA e ospois as coisas é mais caras e assim. E ospois as pessoas custa-lhes mais a iri ao supermercado ne? Pois, eu sabias tombém já disso. E as injustiças sociales e essas cenas dos sindicatos pa. - ao que eu remeto : nada disso meu caro amigo de baixíssimo intelecto (vulgo burro do caralho). O problema é que as receitas provenientes dos 3% de aumento, são depois altamente descompensadas pelo aumento de despesas de saude causadas pelas inúmeras enfermidades causadas pelo mesmo.

- Ah pois claro nes? Porque ospois as pessoas compram menos comida e ospois comem menos e ca magreza que se lhes dá e tal, ospois ficam doentinhas ne? - pergunta o ignorante leitor. Mas não meu borrego (e aconselho o leitor a privar-se de qualquer raciocínio, pois pode-lhe dar uma câimbra nalguma sinapse e é um bico d'obra). Tratam-se de gravíssimos problemas rectais. Passo a explicar :

Ora é bem sabido que o aumento do IVA irá causar aumentos em produtos não vistos como de 1ª necessidade, produtos esses, no entanto, de 1ª necessidade para quem os vende, para poderem ganhar o seu. Para além do aumento do custo dos mesmos, o consumidor, no sentimento de retenção e de dificuldades económicas, sente-se retraido para a compra, resultando num duplo factor negativo para quem os comercializa. A solução, ou o apaziguar da situação, passa pela compensação de um dos dois factores : ou se cortam nos custos de aquisição, ou se estabelece um maior número de vendas.

Sugiro agora, dada a elevada carga de conhecimento que foi dado a absorver pela incompetente massa encefálica do leitor, que faça um "breakzinho" (é intervalo em estrangeiro) de 5 minutos antes de prosseguir a leitura. Se, entretanto, já começou a salivar é melhor estender o intervalo a 10 minutos.

Como é dificil garantir um maior número de vendas (dado a elevada dependência de factores externos), a solução mais garantida será reduzir o preço de compra. Para reduzir o preço da compra, não sujeitando o produto à taxa de IVA, existe uma ferramenta indispensável : o contrabando.

Até agora, o leitor ainda não conseguiu estabelecer qualquer relação entre todo este extenso discurso de economia e o titulo do post (admirava-me era se conseguisse), no entanto estão fortemente ligados. Qual é, afinal, o maior repositório introdutor de substâncias ilegais no nosso país, seja por vias aéreas ou até terrestres, que o recto do contrabandista/dealer?

Quantas toneladas e toneladas de droga, para além de diamantes e outra joalharia, já transportaram estes senhores no cu (não todas de uma vez espero) para poderem passar alfândegas e seguranças de aeroportos? Quantos tubos de pomadinhas e lubrificantes já foram barrados e consumidos por estes senhores?

E agora, vendo-se alargado o leque de produtos e aumentada a necessidade e procura, ainda terão de trazer volumes de tabaco, perfumes, electrodomésticos, etc...
Então e cu para isto tudo? Os srs minitros não pensaram nisso não?
Até para referir que a maior parte das pomadas são consideradas como produtos de cosmética e nem têm participação do estado. E estes senhores, que até lhes faço uma saudação especial (de pé e tudo para ser solidário), nem um seguro de saúde têm em condições. Um seguro que lhes trate do rabinho convenientemente e com os cuidados e celeridade necessária, dado que é o seu principal instrumento de trabalho (não confundir com a fauna do parque Eduardo VII). É que nem uma almofadinha hemorroidal têm direito no avião pá! E este tipo de injustiças revolta-me profundamente.

Ou seja, estão entregues ao serviço público de saude, com o consequente aumento do descambar do orçamento para a saude (então ao preço que andam os clisteres hoje em dia) e a demora a que estes mui nobres senhores estarão sujeitos entre viagens :

- Ó Crispim, precisava de mais umas garrafitas para a festa da vodka no sábado, e de mais tabaco para encher as máquinas pá. Fazemos negócio ou quê?
- Eh pá ó Zé pá! Não vai dar que tenho de fazer uma esfoliação ao duodeno, e só a tenho marcada para daqui a três semanas. E, até lá, já me disse o médico que nem uma amostra de Johnie Walker posso mandar cá p'a dentro.

Estão a ver como isto vai afectar toda a economia em geral?
E não é para alarmar, mas consta que se a gasolina continua a aumentar... não tarda muito temos cisternas chamadas Zé Pedro.

Ai ai srs ministros. Mais atenção para a próxima.

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