Monday, June 27, 2005

Patologias Pimba

Aí vem o Verão, tempo de calor e praia. Amigo dos biquinis e das bejecas na esplanada, da festarola e poucas preocupações ( tirando a criminalidade própria da época balnear ).
Assim pensais vós prezados leitores ( todos os 3 ), mas alerta!! O Verão traz um mui grave perigo.
Como o sabeis ( se não o sabeis já aprendestes qualquer coisa ) Portugal é a potência mundial dos organistas. Todas as grandes referências do orgão Yamaha, com ou sem caixa de ritmos, são portugueses ou discípulos de portugueses, tendo esta arte a sua demonstração derradeira, o seu expoente máximo, nesta época que se avizinha ( mais para Agosto se não caio em engano ) com os bailaricos nas aldeias. Quem não quer dar o seu pezinho de dança com a "imigranta" jeitosa, ao som de grandes senhores da música como Quim Barreiros ou Amarante? Quem não anseia por acertar o passo ao ritmo de um "Ponho o carro, tiro o carro" ou um "Chupa Teresa, chupa Teresa, esse gelado tão gostoso tem sabor de framboesa"?
É o delírio! Criam-se sonhos nessas pistas de terra batida, ao som do organista e ao sabor da "mine". Ora hoje vamos a Adubadeiras de Baixo, ora amanhã a Esturreira do Monte. E assim andamos o Verão todo.

"Atãoces e ó caralho que já não percebo nada!! Onde é que está o perigo que havia falado este palhaço?" - insurge indignado o leitor.

Pois bem meus caros, camuflada por entre a tecla do orgão, recondita na partitura do "Bacalhau quer alho", lá está ela, perigosa e com mais manhas que a raposa : a Patologia Pimba.

A história que vos conto, conto-a de experiência própria, sofrida com o meu próprio sofrer.

Após um mês insessante de "tour" entre bailaricos, tal é a exposição e o estímulo a esta indumentária musical, que a patologia se aloja no lóbulo frontal do nosso cérebro, ocupando por completo a nossa razão. Toda e qualquer acção é então filtrada e adaptada à conjuntura pimba, com referência ao maroto trocadilho que o popular tanto gosta. Mas cuidado, pois tal advência pode levar a extremos de, inclusive, privação alimentar.

Como pode tal ser? É verdade é verdade, e passo a exemplificar.

Lembro-me de no verão de 2003, parar numa mercearia de gente conhecida, e inquirir pelos produtos alimentares, não me conseguindo privar do eventual jogo de palavras :

- Oh dona Amélia, já tem o melão maduro?

- Oh jovem! Vem cá ver por ti.

ou outros casos :

- Oh dona Armelinda, posso-lhe provar a cerejita?

- Oh amori! 'Tava a ver que nã pedias....

e pronto, lá me enrolava com as senhoras, e acabava por não comprar a fruta. Chegava a casa para o jejum apenas, já se queixando os vizinhos da sonoridade do ronco do meu estômago.

Após comentar a minha cruz com um presado amigo, ele sugeriu-me que alternasse as minhas compras para o estabelecimento do Sr.Marcelino, que agora se encontrava sozinho na mercearia, dado que a sua esposa tinha ido uma semana para Montegordo sozinha com o rapaz musculado cabo-verdeano de 22 anos que haviam adoptado (mais por insistência da Sra. Marcelino). Assim, sem presença feminina, talvez conseguisse provir-me de algum stock alimentar.

No entanto, mais este episódio se revelou infeliz . Mirei umas meloas que me pareciam demasiado maduras, e, no intuito de verificar se já fermentavam, inquiri ao Sr. Marcelino :
- Ó sr. Marcelino, posso-lhe apertar a fruta - ao que o Sr. Marcelino começou de imediato a salivar. Não se envolveu comigo, embora me tenha sentido deveras inconfortável com os olhares que me lançou, e confesso que senti vómitos ao notar que se lambia.

Por consequência destes e outros casos, desenvolvi um défice vitamínico que tive de compensar com suplementos alimentares ( enviados pelo correio, ora porra!! ) para além de incomodativos chatos dada a pobre higiene genital das senhoras das mercearias.

Para além de todo este sofrimento, foi necessário adquirir uma colectânea dos delfins para proceder ao "desmame pimba" ( lá estou eu porra!!! ), tendo após o 2º album atingido um estado perfeitamente vegetativo que me causou algumas lesões cerebrais (agora acho o Miguel Ângelo tão querido).

Assim, aqui remeto o alerta meus caros, ponho o carro tiro o carro, mas só de vez em quando!!! Chupa Teresa mas com cuidadinho!!! ( MAU!!! Mas tu queres ver que tenho de ir ouvir os delfins outra vez? ).

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